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IFDM: 57 milhões de brasileiros vivem em cidades com desenvolvimento socioeconômico baixo ou crítico

Apesar do avanço das cidades brasileiras na última década, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) aponta que 47,3% (2.625) ainda têm desenvolvimento socioeconômico baixo (2.376) ou crítico (249). São 57 milhões de pessoas vivendo nessa situação. Os municípios com desenvolvimento moderado são 48,1% (2.669) e aqueles com alto nível são apenas 4,6% (256). Os três mais bem avaliados pelo estudo são Águas de São Pedro (SP), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR). Elaborado pela Firjan com base em dados oficiais referentes ao ano de 2023, esta edição do IFDM analisou 5.550 cidades, que respondem por 99,96% da população.

“É inadmissível que ainda hoje, apesar da melhoria nos últimos anos, a gente tenha um Brasil tão desigual. Através do IFDM conseguimos chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que sequer tem quantidade razoável de médicos para atender a população, em que a diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são na administração pública. Nossos cálculos indicam que as cidades críticas têm, em média, mais de duas décadas de atraso em relação as mais desenvolvidas do país. É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o estudo é composto pelos indicadores de Emprego & Renda, Saúde e Educação e varia
de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico. Através dessa pontuação, é possível avaliar o município de forma geral e específica em cada um dos indicadores. Tanto a avaliação geral quanto as análises dos indicadores são classificadas em quatro conceitos: entre 0 e 0,4 – desenvolvimento crítico / entre 0,4 e 0,6 – desenvolvimento baixo / entre 0,6 e 0,8 – desenvolvimento moderado / entre 0,8 e 1 – desenvolvimento alto. O estudo permite, ainda, avaliação absoluta por município e ano e comparações entre cidades e anos anteriores.

Clique aqui e acesse o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM)

A análise mostra que 99% dos municípios registraram avanço no índice geral entre 2013 e 2023. Com isso, a pontuação média brasileira no estudo é de 0,6067 ponto, referente a desenvolvimento moderado. As três vertentes do índice contribuíram para esse avanço, ainda que em ritmos distintos. O IFDM Educação teve o maior crescimento (+52,1%), passando de 0,4166 ponto em 2013 — quando era a variável com pior pontuação — para 0,6335 em 2023, tornando-se o componente de melhor desempenho. O IFDM Saúde registrou o segundo maior avanço (+29,8%), aumentando de 0,4626 ponto para 0,6002. Já o IFDM Emprego & Renda foi o que menos evoluiu (+12,1%), mesmo com a forte recuperação pós-pandemia. Essa trajetória de desenvolvimento disseminado resultou em redução de 87,4% no número de municípios com desenvolvimento crítico, que passou de 1.978 em 2013 para 249 em 2023.

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, coloca que todas as regiões ainda têm cidades em situação crítica, mas que Norte e Nordeste ainda são as mais prejudicadas. Ele destaca que o estudo oferece análise detalhada para que o cenário possa ser modificado nos próximos anos. “Estamos fornecendo um quadro representativo para a formulação de políticas públicas mais eficazes e equitativas”, pontua Goulart.

Déficit na formação de professores é problema apontado pelo IFDM Educação

A Educação se destaca como a área do estudo com maior número de municípios em patamares mais elevados de desenvolvimento. No país, 56,1% das cidades (3.113) registram desenvolvimento moderado, enquanto 7,2% (401) têm alto desenvolvimento. Ainda assim, desafios persistem, pois 32,5% (1.806) permanecem na faixa de baixo desenvolvimento e 4,1% (230) apresentam cenário crítico.

O IFDM Educação foi desenvolvido para avaliar tanto a oferta quanto a qualidade da educação básica em escolas públicas e privadas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Percentual de crianças de até três anos matriculadas em creches, adequação da formação dos professores que lecionam no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, oferta de educação em tempo integral, taxas de abandono escolar e de distorção idade-série, além do desempenho dos alunos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Ensino Fundamental são as variáveis consideradas no indicador.

Com isso, o estudo ressalta que nos municípios com desenvolvimento crítico 57% das turmas do Ensino Fundamental não são ministradas por professores com formação adequada. Ainda que em menor proporção, municípios com alto desenvolvimento (23%) também têm esse problema. A distorção idade-série é outro ponto destacado. Estão acima da idade recomendada 40% dos alunos do Ensino Médio nos municípios críticos. Esse número é quase cinco vezes o observado nas cidades mais desenvolvidas (8,3%). Na Educação Infantil, a análise da Firjan aponta que apenas 19% das crianças de até três anos estão matriculadas em creches nos municípios com pior desempenho, quase um terço do percentual registrado nos municípios de alto desenvolvimento (53%), onde a média supera a meta vigente do Plano Nacional de Educação (PNE).

Falta de médicos é um dos principais pontos críticos na área da saúde

A maioria dos municípios brasileiros apresenta desempenho moderado no IFDM Saúde. Do total analisado, 53,2% (2.961) registram pontuações entre 0,6 e 0,8 no indicador. Por outro lado, 39,1% das cidades (2.179) permanecem em situação de baixo desenvolvimento. Nos extremos, 5,8% (323) registram desempenho crítico e apenas 1,9% (107) tem alto desenvolvimento.

O IFDM Saúde avalia cobertura vacinal, percentual de gestantes que realizam consultas pré-natais, incidência de gravidez na adolescência, número de internações por condições sensíveis à atenção básica e por problemas relacionados ao saneamento inadequado, taxa de óbitos infantis evitáveis e quantidade de médicos disponíveis para cada mil habitantes.

A análise mostra que as cidades críticas têm, em média, apenas um médico para dois mil habitantes. Nas cidades com alto desenvolvimento são sete para cada grupo de dois mil habitantes. O estudo aponta, ainda, que são 74 internações por saneamento inadequado a cada dez mil habitantes nos municípios críticos. Nas cidades mais desenvolvidas são quatro. Outro ponto ressaltado pelo estudo é a gravidez na adolescência. Nas cidades com situação crítica, 41% das gestações são de adolescentes, percentual mais de três vezes superior ao das cidades de alto desenvolvimento (12%). Já as internações por causas sensíveis à atenção básica representam um terço (33,2%) do total nos municípios críticos, mais que o dobro da proporção observada nas cidades mais desenvolvidas (13,7%).

Baixa diversidade econômica: nos municípios críticos, quase sete em cada dez empregos formais são na administração pública

A distribuição dos municípios brasileiros por nível de desenvolvimento do IFDM Emprego & Renda em 2023 revela cenário contrastante. Enquanto 20,3% das cidades têm alto nível de desenvolvimento nessa dimensão — a maior proporção entre as três vertentes do IFDM —, ainda há desafios significativos: um em cada quatro (25,2%) municípios apresenta um mercado de trabalho em condição crítica.

O IFDM Emprego & Renda avalia a capacidade de geração de empregos e de distribuição de renda nos municípios, levando em conta absorção da mão de obra local, diversidade econômica (indicadora de resiliência do mercado), taxa de desligamentos voluntários (reflete a mobilidade e a confiança do trabalhador), PIB per capita (medida de riqueza produzida por habitante), participação dos salários no PIB (indicadora de distribuição de renda) e taxa de pobreza (evidencia a parcela da população em situação de vulnerabilidade socioeconômica).

Nas cidades com desenvolvimento crítico no IFDM Emprego & Renda, 9,3% da população adulta possui emprego formal. Nos municípios de alto desenvolvimento nesse indicador, esse percentual é de 39,4%. O estudo também aponta que a baixa diversidade econômica nos municípios críticos é ilustrada pela alta dependência nos empregos públicos: nessas cidades, quase sete em cada dez vínculos formais (67,9%) de emprego estão na administração pública, frente a apenas 10,6% nos municípios com alta performance.

Veja as 10 cidades com os melhores resultados no IFDM:
1º – Águas de São Pedro (SP) – 0,8932 ponto
2º – São Caetano do Sul (SP) – 0,8882 ponto
3º – Curitiba (PR) – 0,8855 ponto
4º – Maringá (PR) – 0,8814 ponto
5º – Americana (SP) – 0,8813 ponto
6º – Toledo (PR) – 0,8763 ponto
7º – Marechal Cândido Rondon (PR) – 0,8751 ponto
8º – São José do Rio Preto (SP) – 0,8750 ponto
9º – Francisco Beltrão (PR) – 0,8742 ponto
10º – Indaiatuba (SP) – 0,8723 ponto

Veja as 10 cidades com os piores resultados no IFDM:
5.550º – Ipixuna (AM) – 0,1485 ponto
5.549º – Jenipapo dos Vieras (MA) – 0,1583 ponto
5.548º – Uiramutã (RR) – 0,1621 ponto
5.547º – Jutaí (AM) – 0,1802 ponto
5.546º – Santa Rosa do Purus (AC) – 0,1806 ponto
5.545º – Oeiras do Pará (PA) – 0,2143 ponto
5.544º – Fernando Falcão (MA) – 0,2161 ponto
5.543º – Limoeiro do Ajuru (PA) – 0,2420 ponto
5.542º – Melgaço (PA) – 0,2429 ponto
5.541º – Curralinho (PA) – 0,2431 ponto

Veja as 10 capitais com os melhores resultados no IFDM:
1º – Curitiba (PR) – 0,8855 ponto
2º – São Paulo (SP) – 0,8271 ponto
3º – Vitória (ES) – 0,8200 ponto
4º – Campo Grande (MS) – 0,8101 ponto
5º – Belo Horizonte (MG) – 0,8063 ponto
6º – Rio de Janeiro (RJ) – 0,7933 ponto
7º – Cuiabá (MT) – 0,7922 ponto
8º – Palmas (TO) – 0,7889 ponto
9º – Goiânia (GO) – 0,7865 ponto
10º – Florianópolis (SC) – 0,7733 ponto

Clique aqui e acesse o IFDM. Por aqui é possível consultar análise geral, dados específicos dos municípios e série histórica do estudo.O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) foi debatido entre os empresários da Baixada Fluminense durante a reunião do Conselho Empresarial Firjan Caxias e Região, nesta terça-feira (13/5). Na ocasião, foram enfatizados os indicadores que apontam para o desenvolvimento socioeconômico em nível baixo ou crítico quase que na totalidade dos municípios da região. O estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), tem como base dados oficiais referentes ao ano de 2023 e faz comparativo com o ano de 2013. Esta edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população.

CLIQUE AQUI E ACESSE O ÍNDICE FIRJAN DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL (IFDM)

Os resultados registrados nos municípios da Baixada Fluminense foram ponto de atenção para os empresários da região. O grupo considerou de extrema relevância debater o assunto com representantes do poder público, com o intuito de contribuír com propostas que possam ajudar a mudar o cenário atual. “É surpreendente o estado do Rio de Janeiro, com a relevância econômica que tem, não possuir nenhuma cidade com alto nível de desenvolvimento socioeconômico. A situação ainda é mais preocupante quando olhamos para a Baixada, onde a grande maioria tem baixo desenvolvimento”, destacou Silvio Carvalho, conselheiro do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística (Sindicarga), que presidiu a reunião representando o presidente da Firjan Caxias e Região, Roberto Leverone.

Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o estudo é composto pelos indicadores de Emprego & Renda, Saúde e Educação e varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico. Através dessa pontuação, é possível avaliar o município de forma geral e específica em cada um dos indicadores. Tanto a avaliação geral quanto as análises dos indicadores são classificadas em quatro conceitos: entre 0 e 0,4 – desenvolvimento crítico / entre 0,4 e 0,6 – desenvolvimento baixo / entre 0,6 e 0,8 – desenvolvimento moderado / entre 0,8 e 1 – desenvolvimento alto. O estudo permite, ainda, avaliação absoluta por município e ano e comparações entre cidades e anos anteriores.

Divulgado no último dia 8/5 pela Firjan, o estudo mostrou que o município de Duque de Caxias foi a cidade da Baixada Fluminense que mais perdeu colocações no ranking estadual, em relação a 2013. O terceiro município mais populoso do estado passou do 38º para o 75º lugar, regredindo 37 posições. A queda de 12,1% no indicador de Emprego & Renda, que passou de 0,7872 em 2013, para 0,6917 em 2023, foi um dos fatores determinantes para a queda do município. Junto a isso, o IFDM Saúde teve um avanço mais lento, passando de 0,5425 para 0,5596, um aumento de apenas 3,2%.

Os resultados de Belford Roxo chamaram ainda mais a atenção. Em relação a 2013, a cidade regrediu simultaneamente nas vertentes IFDM Emprego & Renda, com 0,4539 ponto (-6,7%) e IFDM Saúde, com 0,2740 (-23,5%), sendo o único município que apresentou desenvolvimento crítico no estado, com IFDM Geral de 0,3868.

Apresentado aos empresários pelo especialista de Estudos Econômicos da Firjan, Marcio Afonso, o IFDM tem entre seus objetivos a intenção de orientar e oferecer subsídios para o desenho de políticas públicas, bem como facilitar a comunicação em torno de indicadores socioeconômicos para o empresariado e a sociedade civil. É o que considera Quianne Maia Correa, Business Support Specialistda da Bayer, que tem sede em Belford Roxo. “É muito importante podermos debater esses dados com os representantes do poder público para que possamos contribuir com medidas para a mudança desse cenário na nossa região”, enfatizou.

O melhor resultado da Baixada foi registrado em Itaguaí, que teve desempenho moderado (0,6705). O município ocupa a 25ª posição no ranking do estado do Rio. A cidade teve desenvolvimento moderado nos indicadores de Emprego & Renda (0,7639) e de Saúde (0,7170). No IFDM Educação, o desempenho foi baixo, com 0,5306 ponto.

Rio de Janeiro não registrou nenhuma cidade com alto nível de desenvolvimento

O IFDM revela que o estado do Rio de Janeiro é o único da Região Sudeste sem nenhuma cidade com alto nível de desenvolvimento socioeconômico. O estudo mostra que 63% dos municípios fluminenses, que juntos respondem por 11,7 milhões de pessoas, têm desenvolvimento moderado, entre eles Rio de Janeiro, Volta Redonda e Resende – os três mais bem avaliados na análise estadual. Em outro cenário estão 5,5 milhões de pessoas que vivem nos 35,9% das cidades com baixo desenvolvimento.

A análise mostra que, de 2013 a 2023, o IFDM médio dos municípios fluminenses cresceu 14,2%, passando de 0,5448 para 0,6224 – referente a desenvolvimento moderado. Esse avanço foi impulsionado principalmente por Educação, que registrou alta de 33,7%, seguido por Saúde (+13,2%) e, em menor escala, por Emprego & Renda (+1,6%). De acordo com a Firjan, esse movimento foi disseminado pelo estado, já que 87 das 92 cidades evoluíram frente a 2013.

Acesse o IFDMe confira a análise geral das cidades brasileiras, dados específicos dos municípios, além da série histórica do estudo.